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A morte. Primeira tela. Este Blog tem como objetivo documenta a segunda parte do projeto “o que deve ser dito”, que consistiu na difusão da falsa noticia da minha morte entre amigos e conhecidos, usando um site de relacionamentos como meio (o Orkut). Querendo levantar com isso, questões sobre a vida e nossas relações com outros seres humanos. O nome do projeto é pequeno para configurar tantos pontos importantes que ele aborda, ou no mínimo, aponta. Os textos aqui, não têm objetivo acadêmico, e servem apenas como resposta a todos os que participaram direta ou indiretamente desse projeto. A próxima etapa é produzir os trabalhos visuais, impregnados de todos os sentimentos, pensamentos e cargas negativas e positivas que todo esse processo trouxe. Organizei da melhor forma que achei, os tópicos para facilitar a leitura. Através dos marcadores, é possível chegar a resposta que procura, e comentar se tiver alguma duvida, concordar ou descordar. Marcador de Visitas do blog em

Minha Produção.

A minha produção artística sempre esteve ligada ao que eu queria dizer. Uma mensagem que eu queria passar, porém essa mensagem não tinha o objetivo de ser totalmente entendida para quem visse um dos meus desenhos. Atualmente, após pesquisas teóricas em arte e o desenvolvimento e entendimento do meu desenho percebi que além de uma pesquisa plástica formal, busco mostrar coisas que as vezes escapam os olhos e a nossa atenção, sobre nossas vidas e o mundo. Não ser apenas belo ou feio, pois isso sujeita a obra a respostas como: gostei ou não gostei. As respostas que pretendo obter do espectador dos meus desenhos e pinturas são: não concordo com o que ele disse; concordo, ou concordo em partes; isso me fez pensar...; e etc. Acredito que união das indagações sobre minha produção e meu questionamento sobre a vida e mundo, dão origem a minha arte. As diferentes verdades, diversas possíveis realidades, o sonho, o desejo, a lembrança, a busca, a ausência, aquilo que se esvai, sombras, a sobra, s

A Idéia

É fácil perceber nos dias de hoje a interação superficial do ser humano com a maioria das coisas a sua volta. E não é difícil se chegar ao motivo dessa postura contemporânea. Diversos acontecimentos do ultimo século foram aos poucos criando pessoas mais e mais individualistas. O consumo rápido e fácil e a venda de prazer sem culpa são algumas das “doutrinas” que os dominantes capitalistas e neoliberais difundem pela mídia há anos. Isso e diversos outros fatores ocasionaram, a meu ver, em uma sociedade fria, distante de si mesma, onde as relações são criadas e desfeitas visando o bem pessoal, ou do pequeno grupo ao qual pertence. Essa postura de unidade no mundo faz as pessoas estarem sempre em “estado de defesa” como em uma guerra, as pessoas se defendem das outras para não entregar nenhum “segredo de estado” ao “inimigo”. Por ser uma postura cultural isso acaba se tornando natural, um código de conduta padrão. Onde as distancias são pequenas e ao mesmo tempo imensas. Felizmente nem

O meio de desenvolvimento.

É de conhecimento geral a facilidade na comunicação a distancia nos dias de hoje. Tendo um computador com acesso a internet, seja em casa, no trabalho, escola, ou acessado de uma Lan House, existe uma grande facilidade para se comunicar com o mundo, entre outras inúmeras utilidades, manter contato com colegas de profissão, professores, parentes e amigos, de uma forma rápida “barata” e constante. É sem duvida a base da comunicação à longa distancia contemporânea juntamente com o telefone. Em reflexo ao nosso comportamento diário, as formas de comunicação da internet podem ser ou não superficiais, vai depender de cada um, por outro lado são criadas novas formas de interação cuja base é inteiramente superficial, mas que mesmo assim não limitam o meio, novamente querendo manter suas fortalezas invulneráveis ao “inimigo” e por meio como sites de relacionamentos, blogs e etc, ambientes mais pessoais, elas buscam manter um distanciamento, uma tentativa de preservação de suas intimidades e pri

Do conceito a pratica.

Definida então minha estratégia, estipulei um prazo para cumprir suas principais etapas. A primeira parte (cartas e depoimentos aos meus amigos) teve inicio em 28 de abril, e terminaram no dia 10 de setembro. O maior problema era dispor de tempo para escrever tais cartas, e diversos fatores externos acabaram dificultando e atrasando de certa forma essa etapa, por esse motivo não enviei todas as cartas que pretendia. Esta era a parte digamos fácil, obtive bons resultados, respostas que também diziam o que deveria ser dito. Um outro objetivo dessas cartas era sugerir a minha despedida. Usando de verbos no passado, reavaliado toda trajetória de amizade, agradecendo e me despedindo como em um adeus. Serviriam como indícios que só ganhariam sentido após minha suposta morte. Depois das cartas enviadas, próximo ao meu aniversário, colocaria em pratica a noticia da minha morte. Para isso queria reunir meus melhores amigos, em um encontro supostamente para comemorar meu aniversario. Este encont

O Uso da Morte

Primeiro devo dizer por que era importante a morte nesse projeto. Foram três os motivos inicias para eu tomar essa decisão. 1º As pessoas sabem podem morrer a qualquer momento, porém o nosso cérebro tem defesas quanto a essa certeza, se vivêssemos pensando que cada segundo poderia ser o ultimo certamente enlouqueceríamos. Sendo assim nos acostumamos a pensar que sempre há um depois, sempre vamos ter a chance de fazer o que deixamos passar, mas as vezes esse pensamento é mais prejudicial do que benéfico. Então eu morrendo, perto do meu aniversario, quanto todos dizem as vezes tão vaziamente “Muitos anos de vida”, talvez percebessem que muitas vezes nos podamos, e nos enganamos e que a vida é curta para isso. Não acho que seja necessário viver cada segundo como se fosse o seu ultimo, mas acho extremamente importante ser sincero consigo mesmo, não se negando aquilo que mais queira fazer, não deixando de dizer o que acha importante. Buscando fazer o máximo para não se arrepender de ter dei

A morte. Analise empírica

Uma das primeiras coisas que me disseram quando souberam que na verdade eu estava vivo, foi que eu tinha feito uma brincadeira de muito mau gosto. Brincadeira, como se eu tivesse me divertindo muito ao enganar todos que eu conheço. É natural. A primeira coisa que você pensa quando alguém te engana é que essa outra pessoa se divertiu a suas custas, você foi subjugado. Seria de fato como perder em um jogo. Ou talvez por que a pessoa pela qual você estava sentindo a perda, te diz com a voz mais saudável que esta vivo, a raiva deve ser o primeiro estagio de uma escala decrescente. Mas por que a morte tem tanto peso para agente? É fácil compreender a dor que é perder alguém que fez parte da sua vida, que realmente foi importante para você, porém existem momentos, e pessoas, que choram a morte de desconhecidos. Não há como negar, a morte geralmente é rodeada pela tristeza. Um ser que tinha um lugar, uma existência, e que no segundo seguinte para de existir, deixa um vazio nos lugares onde a

A Execução e sua repercussão.

A minha morte seria o passo mais importante dessa etapa do trabalho. Estava correndo riscos, e muitas vezes, pensei em voltar atrás, porém sabia que devia terminar o que tinha começado. Programei a divulgação da minha morte para o domingo, dia dezesseis de setembro, três dias depois do meu aniversário. Eu tinha que dar credibilidade ao boato, fazer as pessoas acreditarem, por isso o primeiro passo era o scrap em nome da minha irmã, para as pessoas da minha lista, isso era a isca para que eles fossem ao meu perfil que continha a minha proposta do projeto levantando as questões: por que vivemos, para que vivemos? E deixando a proposta de dizer “o que deve ser dito”, fazer o que deve ser dito. Nesse primeiro texto eu fazia uma critica as relações superficiais, e pedia a todos para buscar relações mais verdadeiras e de maior entrega com seus amigos parentes... Aqueles que você gosta. Até aqui as pessoas estariam curiosas ainda para saber por que eu morri, e seguia ao texto do projeto um li

Resultados

Já na noite de domingo, recebi ligações de amigos e conhecidos do trabalho. A todos que ligaram para mim eu tentava manter a mentira, saber tão rápido a verdade não ia fazê-los pensar em tudo que propus. As vozes eram marcadas por espanto e preocupação para aqueles que queriam uma confirmação, acreditavam duvidosos. Para alguns, a morte parece impossível, ou apenas preferem duvidar, pois temem a dor. Outros, já certos da minha morte, procuravam saber ao certo como foi, e quando seria o enterro, todos com os mesmos sintomas de impotência diante da morte, com as frases clichês, pois não sabemos usar outras, não sabemos o que dizer. Essas vozes eram marcadas por tristeza, em casos, lagrimas... E era infinitamente duro mentir para eles. E toda essa atmosfera, me afetava tanto quanto a eles... Mas ironicamente eles sofriam por não saber a verdade, e eu por sabê-la. Por sorte poucas pessoas ligaram... No orkut, e no meu blog começavam a chegar mensagens, foram poucas nos três dias em que pas

Os que sentiram muita raiva.

Alguns passaram rápido do estagio de raiva para o de alivio, outros porém ficaram na raiva, e com ela desmorona a confiança, e todos os bons pensamentos, felizes lembranças e sentimentos de saudade se tornam “vergonhosos“ para esses, e o veneno da mentira em união com a raiva infectam qualquer tipo de dor, tornando o ato algo imperdoável. O que é muito estranho e incoerente, mesmo que compreensível em um primeiro momento, pensando melhor se torna “ridículo”. Pois como alguém que diz ter se sentido mal, ficado triste por minha morte, ao saber que estou vivo a primeira coisa que ela quer é me matar. Matar-me não como muitos usaram como piada, os que tiveram raiva e depois relevaram, “você não morreu, mas agora eu vou te matar por ter feito isso!”, como uma brincadeira, uma descontração após um momento de tensão. Mas aqueles que depois de descobrir que toda dor que sentiram tinha sido “em vão”, como punição a mim, me mataram, como se os únicos que pudessem mentir a minha morte fosse apen

Os “desconhecidos”

Ouve mensagens de pessoas que não estavam na minha lista, amigos de amigos ou conhecidos, alguns eu conhecia de vista, tinha trocado algumas palavras, nada profundo no entanto, e estas mensagens foram duras, sentimento puro, sem meias palavras ou mesmo (e posso estar errado) sem reflexão profunda de alguns, e também com reflexões bem relevantes e aprovação. Esses, que não me conheciam bem, e não tinham lembranças boas sobre mim, não sabiam quem eu era, tinham no meu ato uma única visão sobre mim. Alguns criticaram duramente, dizendo que não era coisa a se fazer. Aqueles que conheciam amigos que sofreram com minha mentira, me condenaram. E também teve os que acharam pontos positivos e apoiaram.

A todos que sentiram algo.

Tiveram muitos recados, com uma raiva e um alivio muito sentimento. Fortes palavras. Sinceramente não esperava tanto, de fato era o que eu desejava, mas não esperava que viesse muitas vezes das pessoas que vieram. E com a dor dessas pessoas, por momentos me arrependi terrivelmente por ter feito o que fiz, por esses sentimentos desisti antes da hora, por esses sentimentos quase desacreditei em todo o fundamento que tinha e todos os motivos que me levaram a parte mais dramática do processo. Espero ter dado em troca do que sentiram, ao menos um dia sem certezas e em buscas de respostas, um dia de reflexão e reavaliação. E espero ter feito valer pelos momentos de alegria, pelas conversas sérias, por todas as trocas, a tristeza que sentiram, e espero sobrepô-las com melhores momentos.

A minhas Desculpas

As minhas Desculpas. Toda minha linha de raciocínio estava baseada em um publico alvo, que seriam jovens do meu convívio que tem entre quinze a vinte e cinco anos, ou para todos que tem o mesmo tipo de relação com as pessoas como a dessa época. Sabia, porém que outras pessoas da minha lista não se encaixavam nessa forma de pensar as relações humanas, e que meu ato iria atingi-los de uma maneira bem diferente, e eu não estava apto a saber, de todo, quais seriam. As pessoas mais velhas, que com certeza já tiveram muitas perdas durante a vida, vêem de uma maneira bem diferente tudo que coloquei, elas tem uma outra relação com aqueles que gostam, também afetada pela sociedade atual, mas com fundamentos diferentes, as pessoas e ações não são tratadas de um jeito tão descartável como hoje, e sabia que para eles, não estaria mexendo com minha morte, mas também com feridas antigas. Estão em um outro estagio, onde não se tem só um caminho pela frente, mas se tem um mundo que passou, e outro mun

Mesagens que recebi enquanto estava "morto"

A baixo as mensagens que recebi, enquanto as pessoas pensavam que eu estava morto após suas mensagens coloquei também, o lugar ao qual as conheci, alguns amigos de classe da faculdade, e do Carlos de Campos, onde fiz o ensino médio, amigos e colegas que cultivei entre aqueles corredores, e o patio principalmente. ΨBébaa...: ?????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Mensagens que recebi após revelar que estava vivo.

Denise : Na boa, vc acabou com o pouco de "algo" que eu sentia por vc.Vc é um idiota de inventar uma coisa dessas. Carlos de Campos Amiga Ingrid : eu nunca perdi alguém tão próximo a mimvc fez o dia de ontem um infernorespeite mais os seus amigos, eles são mais importantes do que a sua arte. Belas Artes Colega de Classe Leon : cara, fazer as pessoas "pensarem" não é desculpa pra tudo. Aliás, é desculpa pra muito pouco. Carlos de Campos Desconhecido. Jaqueline : oi diogo, então, quando acabei de falar contigo no telefone vim correndo pro pc. sabe, li o perfil, e depois li o q as pessoas escreveram, não vou julgar-te, pois não posso, e nem aos outros. fiquei um pouco triste na verdade. sinto q parece meia verdade essa morte, mas não a física, e sim emocional, mesmo sabendo q faz parte de um trabalho seu. ver outras pessoas lamentando por vc e depois te julgando foi estranho, pois quando te disse q 'elas não têm sua veia artística pra compreender', não percebi