O meio de desenvolvimento.

É de conhecimento geral a facilidade na comunicação a distancia nos dias de hoje. Tendo um computador com acesso a internet, seja em casa, no trabalho, escola, ou acessado de uma Lan House, existe uma grande facilidade para se comunicar com o mundo, entre outras inúmeras utilidades, manter contato com colegas de profissão, professores, parentes e amigos, de uma forma rápida “barata” e constante. É sem duvida a base da comunicação à longa distancia contemporânea juntamente com o telefone.
Em reflexo ao nosso comportamento diário, as formas de comunicação da internet podem ser ou não superficiais, vai depender de cada um, por outro lado são criadas novas formas de interação cuja base é inteiramente superficial, mas que mesmo assim não limitam o meio, novamente querendo manter suas fortalezas invulneráveis ao “inimigo” e por meio como sites de relacionamentos, blogs e etc, ambientes mais pessoais, elas buscam manter um distanciamento, uma tentativa de preservação de suas intimidades e privacidades. A analise sociológica dessas questões com certeza podem render dezenas de paginas, tenho o objetivo aqui, apenas evidenciá-las como meu ponto de partida.
Na execução do meu projeto, eu usei de dois meios principais para entrar em contato direto com meu publico, o e-mail, por onde mandei cartas sobre o que deveria ser dito a meus amigos, e o Orkut (popular site de relacionamentos), onde eu divulguei a noticia da minha morte, usando também de outra linguagem da internet, apenas como estratégia, no meu blog o meu “ultimo texto em vida” contava as pessoas meus objetivos.
O e-mail é apenas uma atualização Carta tradicional, trazendo consigo todo seu histórico de fonte de noticias, segredos, confidencias entre diversas outras coisas. Mantém intactos conceitos como privacidade e no controle de “informação de guerra”.
O Orkut, popular meio de comunicação, por outro lado, reflete esse desejo de relações superficiais que mantemos hoje em dia, sua estrutura é baseada em números e porcentagens que tentam definir quem você é, agregando status, alimentando seu ego, e te fazendo alguém mais importante, ou não, as pessoas. Esses números e medidas, no entanto são manipuláveis e não refletem um real pensamento, são dados nada concretos e sem fundamentos nem necessidades de serem comprovados. Apenas existem. Como exemplos: a contagem do seu numero de amigos, possível interpretação de dizer que você está ligado a milhares de pessoas, mas quantas são realmente suas amigas? Quantas você realmente conhece, viu, conversou ao menos uma vez sinceramente? A postura das pessoas é “te vi de relance uma vez na minha vida posso te adicionar?” e pronto mais um “amigo” pra te medir como: Confiável de 0 à 100%, Legal de 0 à 100% e Sexy de 0 à 100%. E dizer que é seu fã. E uma pessoa que nunca conversou com você nem te conhece direito te viu uma vez e te adicionou como contato, você aceitou. Coloca-se como seu fã, qual a validade disso? Números.
A postura da maioria das pessoas no orkut, (que sem duvida renderia outras dezenas de paginas de analises sociais), é a de colecionadores. Colecionam avatares (representação da pessoa), e as estocam como prova de que você é uma pessoa especial dentre as outras.
É claro que o meio não é limitado, você pode usar o orkut de uma forma mais pessoa, depende da postura do usuário. Mas ele sem duvida pode te condicionar a um uso mais superficial das relações.
Fora desse mundo “fictício”, imatérico, a realidade é a mesma, as pessoas buscam relações superficiais para suprir seus desejos e objetivos, também as colecionando como números.
Assim usar o meio para evidenciar tal aspecto era uma postura irônica, usaria dessa facilidade de divulgação, e dessa impessoalidade para dizer a todos conhecidos, amigos, e desconhecidos, uma noticia pessoal como à morte de alguém. Para com isso instigar a curiosidade e fazê-las percorrerem uma linha de raciocínio.
Um fato perigoso que não podia deixar de lado, no entanto, que não só, mas principalmente uma noticia na internet não fica parada esperando ser vista. Ela corre pela rede e fora dela por outras redes de relacionamento. O principal ponto fraco dessa estratégia era que os boatos da minha morte poderiam chegar primeiro a muitas pessoas como fato concreto, e por esta não ter um meio de se conectar a internet, ao orkut, ela não iria ler os textos e assim não teria como desenvolver o raciocínio que era a base dessa “performance virtual”. O boato correria, e diante apenas da minha morte, quando eu revelasse que eu de fato não havia morrido seria bem mais difícil o entendimento da minha proposta, como também não faria a pessoa refletir nos questionamentos levantados.

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